Erlana Castro e Vanessa Costa
A House of Beautiful Business, para quem ainda não conhece, é uma plataforma e comunidade global dedicada a pensar em modos de tornar os humanos mais humanos e os negócios mais belos. Negócios belos, segundo eles mesmos, estão para novas estruturas, linguagem e práticas de negócios que se baseiam em emoções, ética e estética, em vez de eficiência, exploração e exponencialismo: “você também pode dizer que negócios belos são tudo aquilo que os business-as-usual não é”.
Por uma dessas lindas coincidências da vida, a House of Beautiful Business nasceu em Barcelona, em fevereiro de 2017, quando eles realizaram um primeiro evento pop-up (“House Zero”) em um edifício antigo no bairro gótico. No mesmo ano, a HOBB mudou-se para Lisboa para um segundo encontro, e agora é uma plataforma aberta a pessoas em todo o mundo.
De 21 a 26 de novembro de 2021, a HOBB realizou um grande evento, sendo que nos 3 primeiros dias aconteceram as palestras de forma presencial (em Lisboa) e online. Abrindo essas janelas a um novo pensar e um novo sentir, a HOBB propôs no ano passado o tema “Concrete Love” como um ponto de partida alternativo para os negócios nesse pós-pandemia.
O evento em si foi uma experiência de aprendizagem multissensorial que em muito extrapolou o usual do ambiente de negócios, trazendo o amor para o centro da conversa, a arte como acesso à nossa sensibilidade, a filosofia, o toque, a conexão entre indivíduos, e, obviamente, uma seleção de insights que nos convidaram a abstrair e vislumbrar, bem mais do alto, novos caminhos para negócios muito mais belos.
O primeiro dia foi um grande ‘tuning in”. Por meio de estímulos diversos e multissensoriais, fomos elevados a diferente nível de consciência acerca de nós mesmos, no contexto do mundo dos negócios, neste momento tão urgente e único de destruição criativa. Algumas das principais perguntas postas ao longo deste dia, segundo o próprio report da HOBB, foram:
- Você me escuta?
- Você confia demais nos números?
- Você está tentando resolver quantificação com quantificação
- E se tudo o que devemos fazer for existir?
- Você pensa muito no futuro?
- Onde está faltando amor?
- A escuta é um superpoder?
- Você já parou para escutar alguém apenas para desviar a atenção de si mesmo?
- Como você cultiva a empatia?
- O que você almeja, neste exato momento?
- Quando foi a última vez que você leu Rumi?
- Será que as novas tecnologias irão replicar – e até mesmo aumentar – as crises sociais?
- Você se sente igualmente confortável com o “conhecimento intuitivo” quanto com o “conhecimento racional”?
- Quem fez o pão que você comeu no café da manhã?
No segundo dia pudemos vivenciar uma força de mobilização que se instalou a partir da aterrissagem de importantes discussões sobre tecnologia, organizações e trabalho, oportunidades de negócio, e sobre outros modelos e narrativas possíveis (desejáveis) a partir de agora:
- Seria possível pensar em algoritmos justos?
- Você é 70% previsível?
- Você está pronto para uma Internet aberta e descentralizada
- Quão alto você será no metaverso?
- Você é bom de gestão acidental?
- Se fosse uma cobra, me mordia?
- Você prefere sua mesa de trabalho ambientada numa floresta ou numa biblioteca no estilo de Hogwarts?
- Você está preocupado que as Big Techs continuem comprando propriedades no mundo físico, para nos manter online o tempo todo?
- Na oscilação necessária do pêndulo, do caos à ordem, entre o generativo e regenerativo, onde você se encontra?
- Você vê todos em sua empresa como colaboradores criativos em potencial?
- Você está disposto a considerar como “a cor das estruturas de nossas vidas” afeta você?
- Você acha que mais um aplicativo vai nos salvar?
- E se pensássemos nas crianças como filósofos?
No dia 3, o pensamento crítico estava totalmente ativado favorecendo a novos ensaios criativos e visões em perspectiva. Flutuamos e fluimos com eles virtualmente nas reflexões e nos insights!
- Você faz parte dos 50% dos consumidores que não acreditam mais em promessas de marca?
- Você está mais focado em ser desejado do que em desejar?
- Seus olhos dizem: “Você é belo/a”?
- O que você pode aprender com uma pia de pratos nojenta?
- Quem quer viver para sempre?
- Será que o dinheiro pode te amar de volta?
- Onde você vai morar em 2030, 2040, 2050?
- Como as organizações podem exalar o amor estrutural com suas políticas e práticas?
- O que seu corpo tem a lhe ensinar?
- Será que estamos sozinhos no universo?
- Já é tarde demais?
- Será que algum dia seremos os mesmos de novo?
- Você está amando?
Um momento inesperado foi uma experiência social intitulada “I Bet You”, com a participação de uma criança de 8 anos, Maya. Ao vivo, ela nos desafiou a todos que estávamos participando seja de forma presencial ou online, a chegar a um acordo sobre uma única ação climática coletiva em 45 minutos. Infelizmente, não chegamos a uma ação efetiva comum entre todos, mas com certeza foi um momento de uma reflexão coletiva impactante.
No final dos 3 dias, muitas outras perguntas foram surgindo e seguem reverberando entre nós. Mas essas 30 daqui já são um excelente começo para pensarmos melhor os próximos passos para construirmos um mundo mais bonito, de fato.
O próximo evento da House of Beautiful Business já tem data, local e tema. Será do dia 2 a 5 de junho de 2023, em Sintra, Portugal. O tema será The_______ Dream. Como vamos preencher esse espaço? Quais são os nossos sonhos para o novo ano que começará em breve? É hora de refletir e criar belos negócios em 2023!
Texto escrito em colaboração com Erlana Castro, parceira de workshops de tendências, co-criação e estratégias para a DoBrasil Live, que me convidou para participar desse bonito evento. Erlana Castro é SXSW Speaker, co-autora do Radar Antifragilidade, Estratega Criativa, Pesquisadora, Ativista, Educadora, Learning Designer, Curadora de Conteúdo para ESG. Fotos: Instagram e site HOOB
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